Quarta-feira, 18 de Julho de 2012
UM TESTE de peso PARA a RÚSSIA
Observatório Internacional: Um teste de peso para a Rússia
Por: Fernando de Jesus
17 de julho de 2012 às 1:32 pm | Postado em: Geral, Opinião
Desde os tempos dos czares a Rússia manteve um papel de destaque nas principais decisões que envolveram a História e a geopolítica internacional. A primeira contribuição russa aconteceu quando o czar Ivan, o grande, se tornou o protetor do legado de Roma e Constantinopla, tornando Moscou a terceira Roma. Não fosse isso, grande parte da história e cultura do império romano teria se perdido pelos becos da história.
O segundo momento de destaque russo se deu no início do século XIX. Napoleão já tinha conquistado mais da metade da Europa, mas ainda faltava a Rússia. Em 1812, o general francês lançou suas tropas para o leste. Mas ele não contava com a destreza do povo russo com seu poderoso aliado, o inverno. Não deu outra. Napoleão caiu.
Outra grande vitória russa foi durante a Segunda Guerra Mundial. Hitler era imbatível. Por onde passavam, suas tropas obtinham êxito com brutal facilidade. Até que o baixinho decidiu se aventurar, no que ele considerava o Espaço Vital: a URSS.
Até então, os exércitos de Hitler desconheciam a palavra derrota. Após a invasão do país, os russos recuaram até os arredores de Moscou, esperando a hora certa para contra-atacar. Na verdade eles esperavam a chegada do inverno. A História se repetiu e os alemães foram expulsos de novo para o oeste. Na bagagem, a futura derrota na guerra.
No entanto, com o colapso da União Soviética em 1991, a Rússia perdeu seu status de potência mundial e seu poder de decisão foi posto em xeque. Mas, depois de colocar os parafusos no eixo, e contar com a alta do preço do petróleo, no início dos anos 2000 Moscou voltou a dar as cartas do cenário mundial. Dessa vez com porretes nas mãos e ogivas nos bolsos.
O gigante estava dormindo, mas resolveram acordá-lo com vara curta. Em 2008, pressionada pelo programa de escudo de antimísseis proposto pelos EUA à Europa, os russos responderam rápido. A bola da vez foi a Geórgia. Foram apenas cinco dias de guerra e uma mensagem clara: naquele quintal, quem manda é o Kremlin.
Mas a influência dos EUA, rival geopolítico histórico, na região do Mar Cáspio é crescente e preocupa Moscou. Depois da Líbia, agora é a vez da Síria testar sua resistência frente ao interesse ocidental. Não entrando no mérito da questão. Quem está certo ou quem está errado, isso é um tema para um próximo debate.
O que está em jogo é a queda de braço russa contra as potências ocidentais. Desde o final do comunismo os russos não tinham um teste de força como agora. Herdeira do acento soviético no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia possui poder de veto no órgão. Moscou vetou todas as propostas de intervenção estrangeira no país, e no que depender do Kremlin, nenhum outro país irá intervir militarmente na Síria.
Longe de ser uma preocupação humanitária ou democrática, Moscou está preocupada com a crescente influência dos EUA na região, que já tem tropas no Iraque, Afeganistão e em outros países do Leste europeu. Se a Síria cair, Moscou estará cercada por forças que durante muito tempo foram seus inimigos mortais, o que pode diminuir ainda mais seu poder de decisão e influência na região e no cenário mundial.
FONTE: http://ianoticia.com