MIREM-SE no EXEMPLO da ALEMANHA
surfandonoassude, 02.07.12
Todos deveriam seguir o exemplo alemão e deixar de lado essa estúpida cultura da dívida por puro imediatismo, deixar de cobiçar o que não pode ter ou sentir-se menos só porque não tem o que seu vizinho tem. È preciso muita pobreza de espírito para achar que não vai ser feliz se não tiver esse ou aquele bem de consumo.
Por: Julie Krauniski
BERLIM, Alemanha 01 de julho de 2012

Palácio do Reichstag - Julie Krauniski
Se a crise chegou aos alemães, não foi em forma de austeridade, mas em forma de medo ou indignação anticapitalista. As manifestações têm sido realizadas em solidariedade aos outros países e em repúdio ao capital financeiro em detrimento do estado social, como aconteceu dia 16 de maio, em Frankfurt, quando centenas de pessoas acamparam em frente ao Banco Central Europeu.
Fora a ameaça constante de a crise chegar também em terras germânicas, a condição e o custo de vida no país continuam um dos melhores do mundo. O segredo: produção alta, pouca dívida, inflação baixa, excelência em serviços sociais e ótimos sistemas de saúde, transporte e educação.
Na Alemanha, a alta qualidade de vida não tem relação com a classe social, como acontece no Brasil. O consumo, em geral, é moderado e simples. A maioria dos restaurantes, cafés e estabelecimentos comerciais não aceita cartão de crédito. Não é possível parcelar compras. Farmácias, mercados e lojas fecham aos domingos. Além da pouca importância dada ao consumo (em comparação com o Brasil), os alemães têm grande temor ao endividamento e à inflação. Talvez, por causa dos tantos “altos e baixos” ao longo da história nacional.
O balanço do primeiro trimestre europeu confirma a estabilidade da Alemanha. Segundo a Eurostat (Agência de Estatísticas da União Europeia), o Produto Interno Bruto alemão cresceu 0,5%, enquanto o PIB de 17 países da zona do euro estagnou. A economia italiana encolheu 0,8%, a espanhola 0,3% e a portuguesa 0,1%.
Em março, as exportações alemãs bateram recordes: 98,9 bilhões de euros — o melhor resultado mensal da história. As vendas para América do Sul, Ásia e Estados Unidos aumentaram 6,1%. Já as vendas para a zona do euro diminuíram 3,6%. “As empresas alemãs estão bem posicionadas e presentes em todos os mercados em crescimento. Agora elas lucram com isso, mesmo com a fraqueza da Europa, o principal cliente.”, disse Ilja Nothnagel, especialista em comércio exterior da DIHK (Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio) para o portal Deutsche Welle.
Sobre o mercado de trabalho, nunca foi tão grande, em 13 anos de história do euro, o número de pessoas desempregadas. A Alemanha foi o único país que conseguiu reduzir esta taxa – de 7,2% em março para 7% em abril, segundo dados da Agência Federal do Trabalho. De acordo com a Eurostat, o país que mais sofre com o desemprego é a Espanha, onde a taxa subiu para 24,4% em março. A Grécia aparece em segundo lugar, com 21,7%. Em ambos os países, o desemprego entre os jovens é superior a 50%.
Hanna, 70, e Rainer Weber, 71, moram num apartamento espaçoso em Berlim. O casal aproveita o tempo livre para ir, uma vez por semana, ao ballet ou ao concerto; ir a museus; almoçar fora, pelo menos, duas vezes por semana; correr todos os dias no parque; frequentar aulas de dança de salão; e viajar. No mapa-múndi exposto na sala, são poucos os locais sem marcadores vermelhos indicando que uma ou outra cidade ainda não foi explorada. Nos últimos dois anos, os Weber voltaram a Veneza e visitaram Madri e Budapeste. Não, eles não são ricos. Hanna e Rainer eram funcionários públicos – ela, auxiliar administrativa, ele, professor de matemática. Hoje, o casal é aposentado e garante não ter visto nem sinal da crise, até o momento. Quando questionados se temem a crise, em especial por dependerem do Estado, eles respondem: “Não. Mesmo que a crise chegue a afetar a Alemanha, nós, os aposentados, seríamos os últimos prejudicados.”.
FONTE: IAnotícia