Muitos fatos, notícias ou realidades, por passarem desapercebidos, podem influir ou deixar de influir significativamente em nossa FORMA DE PENSAR A VIDA
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Plano de paz apresentado pelo antigo secretário-geral da ONU continua sem ser aplicado
02.08.2012 - Por Isabel Gorjão Santos, com agências
Kofi Annan anunciou que não quer renovar o seu mandato, que termina a 31 de Agosto (Fabrice Coffrini/AFP)
Depois de terem fracassado várias tentativas para fazer aplicar o seu plano de paz, Kofi Annan demitiu-se do cargo de enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, anunciou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Annan informou a ONU de que não tem intenção de renovar o seu mandato, que termina no final deste mês, adiantou o secretário-geral da ONU em comunicado. A decisão foi tomada após o fracasso do plano de paz de seis pontos proposto por Annan, que implicava um cessar-fogo que chegou a ser aceite pelas autoridades sírias em Abril mas nunca chegou a ser cumprido.
Pouco depois de ser anunciada a demissão, Annan disse durante uma conferência de imprensa em Genebra que considera não ter recebido "todo o apoio que a causa merecia". E adiantou: "Houve divisões no seio da comunidade internacional. Tudo isso complicou a minha tarefa."
A violência na Síria já se prolonga há 16 meses e causou cerca de 20 mil mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. No plano diplomático também já fracassaram três tentativas de fazer aprovar resoluções para pôr fim ao conflito no Conselho de Segurança da ONU, que foram vetadas pela China e pela Rússia. Moscovo opõe-se à aplicação de sanções e a qualquer solução que passe pelo afastamento de Bashar al-Assad.
A decisão de Annan é conhecida no mesmo dia em que se espera que a Assembleia Geral da ONU aprove uma resolução a condenar Assad e a lamentar o fracasso do Conselho de Segurança em encontrar uma solução para travar a violência na Síria.
Annan tinha sido nomeado enviado da Liga Árabe e da ONU a 23 de Fevereiro e o seu plano de paz previa, para além do cessar-fogo, o início do diálogo com vista a uma transição política na Síria.
Ban Ki-moon lamentou a sua demissão e manifestou “uma profunda gratidão pelos esforços corajosos e determinados” de Annan. Anunciou ainda que estão a ser estabelecidos contactos com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, para que seja nomeado um sucessor “que prossiga este esforço de paz fundamental”. Na conferência de imprensa em que confirmou a sua decisão, Annan defendeu que é necessária “uma actuação urgente na Síria” e disse que lhe foi “impossível” levar as autoridades sírias e a oposição ao regime de Assad a dar os passos necessários para um novo processo político. Mas considerou que “a Síria ainda pode ser salva da pior calamidade – se a comunidade internacional puder mostrar a coragem e a liderança necessária para se comprometer com os interesses do povo sírio, com os homens mulheres e crianças que já sofreram muit”. E não poderia ser mais claro quanto a Assad ao dizer que o Presidente sírio “vai ter de deixar o poder, mais cedo ou mais tarde”.
A sua demissão suscitou diversas reacções. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, responsabilizou a China e a Rússia pela demissão do antigo secretário-geral da ONU na sequência do seu veto no Conselho de Segurança. E a Rússia, por sua vez, disse lamentar a saída de Annan. O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, garantiu que Moscovo apoiou o trabalho do mediador da ONU e da Liga Árabe e, mais tarde, o próprio Presidente Vladimir Putin disse lamentar “profundamente” a saída de Annan, que considerou um diplomata brilhante”. Disse ainda, citado pela agência Interfax, esperar “que continuem os esforços da comunidade internacional para pôr fim à violência”.
Também as autoridades sírias reagiram à demissão do mediador internacional através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros onde os “estados que procuram desestabilizar a Síria” são acusados de causar “entraves à missão de Annan”. A contrastar com a violência no terreno e o incumprimento do cessar-fogo, que nunca foi posto em prática, a diplomacia síria adiantou que o país “provou que está totalmente comprometido com o plano de Annan” e justificou a violência com o “empenho na luta contra o terrorismo com o fim de restabelecer a segurança e a estabilidade e proteger os civis.”
No dia em que Annan anunciou a sua demissão continuaram os confrontos em Alepo, a capital comercial da Síria, depois de, em Damasco, as forças de Assad terem realizado duas operações militares em que morreram pelo menos 70 pessoas, segundo a oposição.Notícia actualizada às 19h45
Jornal diz que mercenários são treinados na Turquia com apoio dos EUA 02 de agosto de 2012
Mapa do Oriente Médio O jornal turco Idinik informou nesta quarta-feira, dia 1 de agosto, que mercenários estão sendo treinados na zona fronteiriça da Turquia para combater o exército do governo da Síria.
A publicação árabe divulga que o treinamento acontece em um acampamento militar controlado por uma empresa privada dos Estados Unidos. Damasco declarou anteriormente que agentes da Mossad e da CIA intervinham nos combates ao lado da oposição síria. O canal de televisão turco NTV informou também que soldados e vários tanques acompanhados por baterias antiaéreas realizaram nesta quinta-feira, dia 2 de agosto, manobras militares a menos de um quilômetro da fronteira síria, perto de uma zona de domínio curdo.
A conquista do poder por parte de grupos curdos no norte da Síria, após a retirada das tropas de Assad, é por enquanto a maior preocupação de Ancara, uma vez que parte das milícias pertence ao Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), que luta contra a Turquia.
Apoio secreto dos EUA
O presidente norte-americano, Barack Obama, assinou há meses uma ordem que autoriza operações secretas da CIA e de outras agências para apoiar os rebeldes sírios na luta contra o regime do presidente Bashar al-Assad, noticiou nesta quinta-feira a CNN.
Fontes citadas pelo canal indicaram que o líder assinou instruções parecidas com as que autorizaram operações clandestinas durante o conflito na Líbia.